domingo, 22 de novembro de 2009

FRENET, O GRANDE EDUCADOR

Freinet, o grande educador continua vivo na sala de aula através das atividades como aula passeio ou o jornalzinho na sala de aula, cantinhos temáticos. Recursos como esses, que hoje parecem ter surgido pelo simples fato de que são eficientes, foram criados por Freinet a partir de sua experiência como professor primário, na década de 20. A aula-passeio, por exemplo, "mãe" do atualíssimo estudo de meio, surgiu de uma observação simples: se, dentro de sala, as crianças viviam interessadas no que acontecia do lado de fora, por que não sair
com elas e aproveitar esse interesse para o aprendizado?
Para aplicar a pedagogia de Freinet, não basta realizar aulas-passeio e jornais. Ele propõe um planejamento baseado em "atividades escolares vivas" formada por um tripé que chamou Pedagogias do Bom Senso, do Trabalho e do Êxito, sempre considerando a criança o centro de sua própria educação. Assim, cada atividade era um trabalho útil e criativo, decidido e organizado coletivamente pelos estudantes. O essencial era valorizar a livre expressão dos alunos, motivando-os a partir do que considerava necessidades vitais do ser humano: criar, se expressar, se comunicar, viver em grupo, ter sucesso, agir-descobrir e se organizar. Observadas essas condições, a escola formaria, enfim, "cidadãos autônomos e cooperativos", como queria Freinet.
Passaram-se nove décadas e continuamos discutindo e debatendo estas questões, pensando uma escola para desenvolver cidadãos autônomos críticos e cooperativos como propõe Freinet e observando as atitudes dos brasileiros percebemos a escola trabalhando de forma isolada, sem apoio da família e da sociedade de modo geral não está conseguindo formar o cidadão crítico e atuante.
Josiane Lopes Revista Nova Escola, edição 139 – jan./2001.

domingo, 15 de novembro de 2009

Consciência Fonológica

Consciência fonológica é a habilidade de perceber a estrutura sonora de palavras, ou de parte de palavras. É a percepção, pela criança, de que a língua é som. Essa consciência, que a criança tem quando começa a aprender a falar, se perde com o correr do tempo. Quando falamos, emitimos sons, sílabas, fonemas, palavras: juntamos fonemas em sílabas, sílabas em palavras e palavras em sentenças, mas não prestamos atenção nesses sons, prestamos atenção no conteúdo do que estamos falando, nas idéias. O mesmo acontece quando ouvimos: prestamos atenção no sentido, não nos sons. A criança, vencida a etapa inicial de aprender a emitir os sons da fala, também passa a prestar atenção no sentido, não nos sons. Nesta fase tende a desenvolver a capacidade de analisar os fonemas e de relacionar esses fonemas com as “letras” que os representam.
O método fônico sob o ponto de vista lingüístico apresenta erros, temos como exemplo as cartilhas começam sempre com as vogais, consideradas como sendo cinco: "A E I O U", e já aí incorrem em um erro lingüístico. As vogais não são cinco, são mais que o dobro: há vogais abertas, fechadas, nasais .
O professor que usa método fônico ensina seqüencialmente, sistematicamente, as relações fonema/grafema, a criança acaba, aprendendo a escrever e a ler, como codificação e decodificação, mas, e a compreensão? a construção de sentido? o entendimento das funções da escrita, o envolvimento em práticas sociais de leitura e escrita? Isso fica adiado “para depois”; a criança aprende só a tecnologia da escrita, desligada de seus usos sociais, o que tira todo o sentido da tecnologia. Quando se reconhecem as várias facetas da escrita, não se pode aceitar que a criança aprenda com aquele tipo de texto “O bebê baba”, “Eva viu a uva. A criança deve aprender a ler e a escrever interagindo com textos reais, com os diversos gêneros e portadores de texto que circulam na sociedade. Assim ela vai aprender não só as relações fonema/grafema, mas, simultaneamente, o sentido e função que tem a escrita. O mais adequado, é que a criança aprenda simultaneamente todas as competências e habilidades envolvidas na aquisição da língua escrita: aprenda a decodificar e codificar, isto é, aprenda as relações entre os “sons” e as letras ou grafemas, ao mesmo tempo em que aprenda a compreender textos, a construir sentido para os textos, e ainda aprenda as funções da escrita, os diferentes gêneros de textos...

Psicogênese da Escrita

De acordo com teoria resultante do trabalho das pesquisadoras argenti¬nas Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. sobre o aprendizado da língua escrita, o erro do aluno revela seu processo de construção do conhecimento. . Baseadas no pensamento do epistemólogo e psicólogo Jean Piaget, as autoras publicaram, em fins dos anos 1970, o livro Psicogênese da língua escrita e mudaram a com¬preensão que se tinha a respeito da alfabetização.
Os estudos da psicogênese partem do pressuposto de que a cons¬trução da escrita se apoia em hipóteses espontâneas elaboradas pelo aprendiz e que a criança ou adulto constroem seu conhecimento através da elaboração de hipóteses baseado em conhecimento prévio que é valorizado e sistematizado na escola.”

Algumas das hipóteses levantadas pelas crianças são que, na escrita, não se pode representar algo com pequena quantidade de letras ou com letras iguais. Na leitura, ela imagina que não é possível ler sem imagem - como se a escrita fosse sempre a "legenda" que acompanha um objeto.

Para a Teoria da Psicogênese, o que aparece como erro à primeira vista é, na verdade, um processo de atividade constante em que a criança está elaborando hipóteses e alargando seu campo de conhecimento linguístico. São os chamados "erros construtivos".
Ferreiro e Teberosky afirmam que "o que antes parecia erro por falta de conhecimento surge-nos agora como uma das provas mais tangíveis do surpreendente grau de conhecimento que uma criança tem sobre seu idioma".


A criança está constantemente pensando sobre seu objeto de aprendizagem - a língua escrita. Quando instigada ou estimulada a conferir suas hipóteses, a criança vive o chamado "conflito cognitivo". Nesse processo, ela pode mudar sua hipótese e transformá-la num outro conceito, mais amplo e mais complexo. É importante que o alfabetizador conheça os processos psicolinguísticos por que passa uma criança ao aprender a ler e escrever. O alfabetizador precisa compreender por que a criança está pensando daquela maneira, para fazer as intervenções e elaborar atividades para ajudá-la a avançar no processo de aquisição da língua escrita.

A Psicogênese desvendou algumas hipóteses do processo de alfabetização de uma criança. São elas, em linhas gerais: pré-silábica, silábica e alfabética. É importante ressaltar que a passagem de uma hipótese para a outra é gradual e depende muito das inter¬venções feitas pelo professor.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A Arquitetura pedagógica Baseada em Projetos de Aprendizagem.

A proposta de trabalhar com arquiteturas pedagógicas é pensar a aprendizagem como um trabalho artesanal, construído na vivência de experiências e na demanda de ação, interação e meta-reflexão do sujeito sobre os fatos, os objetos e o meio ambiente socioecológico (Kerckhove, 2003). Seus pressupostos curriculares compreendem pedagogias abertas capazes de acolher didáticas flexíveis, maleáveis, adaptáveis a diferentes enfoques temáticos.
Em uma Arquitetura Pedagógica propõe-se a Pedagogia da incerteza que parte do pressuposto que o conhecimento não está assentado nas certezas, como propõe a ciência mecanicista, mas sim nasce do movimento, da dúvida, da incerteza, da necessidade da busca de novas alternativas, do debate, da troca. Tomando por base as idéias construtivistas de Piaget e a pedagogia da pergunta de Freire, educar para a incerteza implicará em:
a) Educar para a busca de soluções de problemas reais;
b)Educar para transformar informações em conhecimento;
c) Educar para a autoria, a expressão, a interlocução;
d) Educar para a investigação.
Após refletir sobre a educação proposta nas Arquiteturas Pedagógicas e o que propõe a secretaria da Educação do RS em seus Referênciais Curriculares, elaborado em gabinete, percebo que a base são as idéias de Paulo Freire e Jean Piaget, uma vez que ambas as propostas buscam preparar o professor para o uso da tecnologia e fazer uso dela para promover discussão e solucionar problemas que tenham significado para o aluno, que leve o aluno a conhecer, interpretar, relacionar e comparar informações, construindo um conhecimento articulado, sendo autor de seus projetos para que possam construir e reinventar seus projetos recebendo e respondendo desafios através da manifestação de seu mundo interior.O proposto aqui é um refinamento do que vem sendo proposto por Comênio e pelos pensadores dos movimentos da escola nova. Infelizmente os professores não estão sendo capacitados, os exemplares referentes aos Referenciais Curriculares para o RS ainda não chegaram aos professores, estes não receberam a prometida capacitação, Lição pelo RS e o que vivenciamos nas escolas são salas de aula superlotadas e professores sem condições de inovar em sua prática pedagógica.

Arquiteturas pedagógicas para educação à distância - Marie Jane Soares Carvalho;Rosane Aragon de Nevado e Crediné Silva de Menezes

ALUNOS DE EJA

A escola para jovens e adultos, atende um grupo de pessoas pertencente a grupos diversos, formando uma sociedade com culturas diversas, definida por sua condição de excluídos da escola regular. Em sua maioria são migrantes que chegam as grandes metrópole, provenientes de áreas rurais empobrecidas, filhos de trabalhadores rurais não qualificados e com baixo nível de instrução escolar ( com freqüência analfabetos), com passagem curta e não sistemática pela escola e trabalhando em ocupações urbanas não qualificadas, após experiência no trabalho rural na infância e na adolescência que busca a escola tardiamente para se alfabetizar ou cursar algumas séries do ensino supletivo.
O ser humano se prepara para viver de acordo com as expectativas de cada período da vida observando as relações do grupo, considerando fatores históricos, culturais e sociais. Voltar à escola na condição de analfabeto na fase adulta é motivo de constrangimento, insegurança e baixa auto-estima e para vencer os obstáculos, o professor precisa desenvolver a afetividade, adaptar o conteúdo à realidade do aluno, aproveitando sua bagagem cultural para que se sintam valorizados e percebam que no EJA, acontece uma troca de experiências e saberes.