domingo, 31 de maio de 2009

BULLYNG, A FORMA ESCOLAR DA TORTURA

O texto de Adorno, na interdisplina de Filosofia da Educação ressalta que a principal meta da educação deve ser a de evitar que Auschwit se repita. Refletindo sobre os mais variados tipos de violência que ocorrem em nossa sociedade me dediquei a estudar o bullyng na escola que é a violência que está estampada nos jornais, sendo tema nas discussões dentro das escolas. Pesquisando sobre o assunto constatei que fui vítima dele a quase quarenta anos atrás. Filha de agricultor, aos sete anos de idade fui morar com uma tia na cidade para estudar onde fiz muitas amizades com as crianças da vizinhança. Brincávamos de escolinha, casinha e éramos muito feliz. Dois anos depois voltei para o interior com meus pais onde fui estudar em escola de zona rural multiseriada. Ao concluir a quinta série precisei voltar para a cidade para continuar meus estudos. Ao retornar esperei encontrar meus antigos amigos, agora adolescentes. O reencontro foi uma grande decepção, pois fui rejeitada pelos antigos colegas que não aceitaram no grupo uma colega vinda da “roça” que não usava roupa de marca. Essa rejeição prejudicou muito o meu desenvolvimento pois baixou minha auto-estima, a escola perdeu um pouco do encanto e até passei a apresentar dificuldade de aprendizagem.
Atualmente na escola onde trabalho, percebo que alunos gordos recebem apelido dos colegas, não são aceitos nas brincadeiras, demonstram revolta, olhar triste, inexpressivo, caminham olhando para o chão. Os mais variados apelidos são bastante usados como forma de agredir os colegas ou de demonstrar sua força, como também ameaças de agressão que as vezes são praticada no caminho da escola. , o “bullying” não se manifesta por meio de agressão física mas por meio de agressão verbal e atitudes. Isolamento, caçoada, apelidos. Questionados, os agressores afirmam que estão fora da escola e não assumem responsabilidade pelos seus atos.
O bullyng é uma prática presente nas escolas e que assusta muitas crianças e adolescentes.
“Bullying” é o nome dele. Fica o nome inglês porque não se encontrou palavra em nossa língua que seja capaz de dizer o que “bullying” diz. “Bully” é o valentão: um menino que, em virtude de sua força e de sua alma deformada pelo sadismo tem prazer em intimidar e bater nos mais fracos. Vez por outra as crianças e adolescentes brigam em virtude de desentendimentos. São brigas que têm uma razão. Acidentes. Acontecem e pronto. Não é possível fazer uma sociologia dessas brigas. Depois da briga os briguentos podem fazer as pazes e se tornarem amigos de novo. Isso nada têm a ver com o “bullying”. No “bullying” um indivíduo, o valentão, ou um grupo de indivíduos, escolhe a sua vítima que vai ser o seu “saco de pancadas”. A razão? Nenhuma. Sadismo. Eles “não vão com a cara” da vítima. É preciso que a vítima seja fraca, que não saiba se defender. Se ela fosse forte e soubesse se defender a brincadeira não teria graça. A vítima é uma peteca: cada um bate e ela vai de um lado para outro sem reagir. Do “bulling” pode-se fazer uma sociologia porque envolve muitas pessoas e tem continuidade no tempo. E o terrível é que a vítima sabe que não há jeito de fugir. Ela não conta aos pais, por vergonha e medo. Não conta aos professores porque sabe que isso só poderá tornar a violência dos colegas mais violenta ainda. Ela está condenada à solidão. E ao medo acrescenta-se o ódio. A vítima sonha com vingança. Deseja que seus algozes morram. Vez por outra ela toma providências para ver seu sonho realizado. As armas podem torná-la forte.
Edimar era um jovem tímido de 14 anos que veio estudar em uma escola Cenecista. No primeiro dia de aula foi ofendido por colegas que lhe deram o apelido de orelhudo durante toda a aula. Seus colegas fizeram-no motivo de chacota. Este caso teve um final feliz pois o aluno teve coragem de denunciar o ocorrido a seus pais e como a escola era particular o líder da chacota foi convidado a se retirar da escola. Os pais do aluno agressor, assim como na novela das oito protegem seu filho e hoje o processo está na justiça. Sabemos de casos em que o agredido não teve coragem de denunciar sendo levado a loucura.
Os educadores precisam estar atentos para que a escola não seja um local para se promover a violência.

Um comentário:

Melissa disse...

Uma ótima postagem Ivone.
Conseguistes argumentar e evidências amplamente o assunto.
Parabéns
Beijos
Melissa